domingo, 23 de setembro de 2012

Prostituta


Isto é uma história entre um milionário e uma prostituta
Pobre mulher que vende o corpo numa rua devoluta
Noites demoníacas passadas ao frio gélido duma nortada
Assombrada pelo peso de sustentar uma criança a seu cargo
Que gerou no seu ventre durante 9 meses numa gravidez súbita
E sem ser planeado, o pai fugiu como um cometa no céu cinzento
Deixando a indefesa menina á merce das feras sanguinárias das vielas
O milionário passava na paragem todos os dias, no seu Porsche Pana mera
À espera de despertar a líbido numa das “meninas” que se passeavam
Num instante! Vê a mais bela, mais jovem, de seios firmes, pele pura
Lábios carnudos e pintados dum batom vermelho garrido, brilhante e
Intenso, cabelo loiro natural, preso por um totó, saltos altos pretos
Contrastando com o vestindo tenuemente transparente, que conferia
Uma sensualidade elegantíssima como uma manequim que desfila focado
Numa luz da ribalta. Baixa o vidro fumado do carro, tira o charuto Cubano da
Boca e com um discurso de galã, envenenado por uma lábia afiada como granito
E um jeito de moleque fresco como seda. Raquel, (nome da prostituta), chamou
À atenção do ricaço, fez-lhe o sinal habitual para Raquel se abeirar do carro, para um
Diálogo mais privado, acalorado por um dom quase antológico deste homem afogado
Em notas. Conversa tida, acordo feito, Raquel entra no Porsche, tímida,
Nervosa e assustada.
Acabaram num hotel 5 estrelas, direito a jacuzzi, champagne Don Perignon, 
Morangos, música ambiente, trechos de Mozart, beijos, carícias, para o milionário
Era prazer, pornografia ao vivo, deboche ou desbunda, para Raquel, era trabalho,
Sacrilégio e uma cruz pesada de carregar. Mas…
Os encontros tornaram-se frequentes, cada vez mais apaixonados, o amor envolveu-os
Numa bolha de loucura, paixão e intensidade, dois corpos em ebulição, combustão espontânea de tesão, excitação ou desejo carnal.
Sem pagamento, tempo contado ou outros limites na consumação do amor que os unia já
Numa quase cavernosa relação de luxo, sem acompanhantes ou homens de negócios engravatados. Decidido a mudar a vida de Raquel, o Milionário, comprou casa, para si, Raquel
E a sua filha, Matilde, onde iriam viver tranquilos, enterrando numa sepultura escura e fria
O passado descomunal, aterrador para qualquer elemento do sexo feminino, pondo em causa a sua integridade corporal, espiritual e moral.
Mas.
O seu chulo, que só agora aparece, num rasgo de ironia e uma sádica e no limiar da psicopatia,
Soube da desistência da sua “colaboradora”, enfurecido, tratou de saber através da sua lista interminável de contactos obscuros que Raquel vivia agora numa moradia, com um senhor de alta casta da sociedade,
Foi lá a casa, intimidá-la, para que volta-se para o seu infernal ofício, malefício para alma
De arma de 9 milímetros, 6 balas, instala o pânico na mansão, Matilde chorava assustada, Raquel vociferava palavras de calma para que ele saísse de sua casa,
Balas foram disparadas para as paredes, ornamentos, mas nenhuma feriu mãe e filha.
O milionário soube disto e mandatou matar o chulo, uma equipa de seguranças paga por si para casos especiais.
Passados dez anos!
Matilde era uma aluna de referência no ensino secundário, Raquel uma escritora de sucesso
Com 4 livros publicados, uma das quais uma autobiografia, mas o Milionário era vítima dum
Terrível celeuma, um sarcástico linfoma foi viral no corpo deste ainda jovem rapaz, fazendo dele uma sombra, um esqueleto, uma caveira mal decalcada da sua face jovial de outrora.
No dia 27 de Maio, no hospital São João de Deus em Vila Nova de Famalicão, o milionário sucumbiu ao linfoma que lhe varreu as defesas do organismo. Passado um mês, Raquel edita o
Seu 5º livro, chamado “As Ruas do Luxo”, no auditório da universidade onde o Milionário estudou durante 3 anos, cursando criminologia.
Dedicou o livro ao seu companheiro dos últimos 10 anos, que escreveu o prefácio do livro
E no discurso final do lançamento, Raquel embevecida pela emoção, disso estas mágicas palavras
“ Ele (..) foi a única pessoa que acreditou em mim enquanto me vendia na rua, entregue a um atroz futuro vão como a mais esbatida cor numa parede de cal. A sua doença enviou-o para longe de nós fisicamente, mas a sua alma perdurará na minha mente e do meu coração e do da Matilde, com todo o respeito e saudade que te tenho, adoro-te meu menino.”
Esta história ensina-nos a respeitar quem nos ajuda durante a nossa vida, nos bons e maus momentos. Cada pessoa deixa a sua marca, há que saber respeitar e amar essa marca como se fosse parte de nós!
O Mundo está ligado entre si como um elo!

Não sei!


Não sei porque nasci de forma tão sofrida
Se a vida é um sítio de tão boas sensações
Brisas, fragâncias, perfumes ou paixões
Um bom vinho fresco com uma boa comida
Dar as mãos a alguém que nos faz feliz
De forma tão suave que nos envolve em silêncio
A sua marca é difícil de sair da alma como verniz
Mas as suas palavras escorrem como incenso
Uma música que se propaga pelo quarto como magia
Emanada da varinha de um feiticeiro adolescente
Que nos transmite uma vibração boa, antalgia
Do sangue quente latino sou puro descendente
Faço linhas e linhas porque sou apaixonado pela poesia
Horas a fio a criar versos controversos, diversos
Uma sensação eloquente da mais excitante fantasia
Aglutinador convicto de laços espirituais neste mundo dispersos
Desculpem estar a ser chato, mas o meu talento é um rio
Que não para de jorrar litros de vocabulário no papel
Absorvo e destilo este rio com orgulho, prazer e brio
Docemente capaz de te prender, como a fábula do mel
Se pudesse dormia com a escrita, dias inteiros de sexo
Sonetos e prosas recheados de substância e filantropia
Sou esquisito de forma mesquinha, só faço metáforas com nexo
A palavra mantem-me vivo enquanto o vil tempo me estropia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Palavras da Vida: Onde andas, Inspiração?

Palavras da Vida: Onde andas, Inspiração?: Escorria eu litros de suor frio enquanto redigia versos e prosas Enquanto tu deambulavas em ruas perigosas Esbelta, charmosa, perfumad...

Sala


Estou na minha sala, sentado na cadeira do baloiço, bebendo um
Whisky de Malte, suspenso numa harmonia que colapsa a minha ira,
Olho para uma foto da minha musa, Princesa Rania, com brilho de Safiras
O incenso vagueia suavemente como uma vaga de inspiração que me bafeja
Beija, como os lábios duma gueixa, fazem queixa por eu conter doses industriais
De inspiração, inspiro expressões e situações e a moral que comportam,
Transportam, metamorfose que começa no hipocampo, amplo campo léxico
Dum disléxico, deixei de ser tanso, redigi durante horas para crescer na arte
Quando a anos atrás chorava atrás de pavilhões por ser deixado de parte, aparte
Disso, cortiço discurso, não me faço de urso, não vou a concurso, sem curso,
Não sou postiço, verdadeiro como a água que nasce no Luso, dou uso ao cartel
De palavras que guardo numa caixa envidraçada, colo um coração partido em cacos
, Sofredor, despedaço por uma frase mal dita, corro como uma chita, nem toda a escrita
Me excita, sou mais ligado à cena explícita, que vicia grupos dispersos como
Alguma substância ilícita,              
Viajo para contos de fadas, apanho fardas e digo cenas indevidas,
Abalo mentes de dementes ou miúdas perdidas e indecisas.
Poesia estilística, artística, quase arte plástica
Destravo a cavilha, para esse cérebro de ervilha,
Exercito a absorção de conteúdos como aulas de ginástica,
Junto os meus amigos numa janta, como os Távora,
Chama-me escritor olímpico, porque faço a espargata com a
Metáfora!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Moscovo


Numa noite chuvosa, onde as gotas tombavam no parapeito como balas
Eu, de robe e pantufas, aquecido por um chá de Tília feito pela minha empregada
Vou navegando com a minha caneta num papel vazio de ideias e conceitos
O aquecedor marca 20 graus centígrados, mas lá fora o frio esvazia as almas
Que a preceito vão canalizando as frustrações na mente de gente vaga
Ouço trechos de Almada Negreiros evocados pela voz sábia de Mário Viegas
Que descreve uma população que passados anos e anos permanecem às cegas
A chuva intensa e supracitada, cria um ribeirinho na rua que desagua nos pés
Duma linda jovem, de tez branca, vestida com uns jeans, uma camisola de gola alta
Cabelo solto, afogado na água que decai dos céus intempestivos, bota de cano alto
Que lhe proporcionavam um andar altivo e demonstrativo duma classe ímpar
Da minha janela, 4º andar direito dum apartamento duplex na baixa de Moscovo,
Analiso cada movimento teu, como se cada passada se torna-se num fotograma
Mentalmente montado e elaborado por mim, como se de um cineasta se tratasse
Apressas o passo, apressada para chegares a lugar desconhecido, que só tu nesse
“Eu” tão vincado sabes, eu? Compete num ar derrotista por te ter perdido na imensidão
Da praça Vermelha, tentar transportar-te para este texto apaixonadamente libertino
Em palavras, sendo que tal persona carece de vernáculo próprio e digno para total
E leal descrição de um ser tão belo, que, deambulava por entre o montão de gente
Na rua, como se de um holograma se tratasse.
Meu coração chorava lágrimas de perda, claustrofóbico da tamanha prisão
Afetiva que o estrangulava até calar a sua revolta pela tua ida para parte incerta.
A aparelhagem queima os últimos cartuchos das citações do irreverente Viegas,
Todo eu sou transe, acendo um incenso, acabo o texto extenso, convenço-me
Que talvez, nunca mais volte a ver aquela escultura humana, venço-me pelo
Cansaço. Mudo o álbum do leitor, para ouvir outro senhor, sem ser fadista ou tenor
Canta como poucos a essência do amor e da liberdade, Zeca Afonso, mago das metáforas,
Sem diásporas, chamo a minha empregada, companheira de 30 anos, para me trazer
Um pouco de mel para adocicar a minha noite, que deixou o meu vazio todo a nu,
De repente! Vejo uma sombra na janela, a passar por entre o magote de pessoas que
Atravessam a avenida, decidida, fugaz, eloquente, atraente, atónica mente persuasiva
“Serás tu? Arrebatadora visão que me fez perder de vista este de mar de sentimentos que
Me revolve interiormente?”
Não consigo descortinar, vislumbrar se o meu esgar de curiosidade súbita se deve a ti,
Clandestina bonita e bem-feita que ousaste penetrar no meu goto, sem autorização prévia!
Fecho a janela e renuncio à procura incessante do teu “estar”…
Envolvo-me nos meus lençóis e dialogo um texto quase erótico com a minha
Pérfida almofada, que por estas horas é só uma suja amante, porque a principal,
A única, a tal! Essa está lá fora, poderosa como o sol, branca como a lua,
Em quarto minguante!



Procuro


Procurava a tua cara nos espelhos da cidade
Esses traços definidos que não espelham a idade
Esses olhos vivaços que avivavam a minha existência
Connosco era muito simples, sem nenhuma ciência
Olhávamos as estrelas que brilhavam no nosso céu
Que emanam a magia cristalina que nos envolveu
Chamava-te princesa sem saber qual era o teu castelo
Com toda a certeza que nos dois juntos somos um elo
Forte! Sem brechas, matamos a saudade com flechas
Agora sem ti escrevo rimas, já são mais do que uma grosa
Preferes a magia das palavras à ternura duma rosa
Ao saber que regressas, visto-me a preceito
Com todo o respeito, espero voltar a ver essa face
Luzidia e carismática, se bem que acreditar no amor
Nesta era é ideia lunática, tu voltas! Chegas frágil
E sem amparo, abraço-te, elevo-te ao altar da fantasia
E tu com a humildade que te irradia, chamas-me mago!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Castelo da Fantasia

"...No castelo da fantasia, a rainha dança loucamente, numa valsa moribunda, sombria, suja e demoníaca. Os seus olhos choravam lágrimas de sangue, pingas coaguladas tombavam da retina como água de cataratas no Niagara. O seu sorriso sádico e cínico como um palhaço do circo, propiciava as mais exóticas parábolas renascentistas, onde reergueu das catacumbas sórdidas da alma., o mais vil pendor, a mais maléfica concessão de ideologia. A rainha espalhava horror com o seu vestido muito a roçar uma lingerie provocadora, digna dos mais conspurcados clubes nocturnos duma viela apodrecida.."


Comoção


Sinto-me enforcado, ainda sinto os resquícios
Das vozes assombradas daqueles homens sub-reptícios
O seu desígnio era contrair matrimónio com o demónio
Neste local escuro onde só inalo azoto e plutónio
….
Criaram uma besta, sem sentimentos, só com ódio
Alimenta-se do nosso choro, viciado em cloreto de sódio
A pulsação cardíaca desce abruptamente no pulso
O nosso sofrimento escorre dos olhos, já é avulso
….
Os meus egos são animalescos e assassinos compulsivos
Das minhas teorias, destroem tudo à sua volta, são impulsivos
Coração bombeia sangue num ritmo frenético, irrigação
Hipotálamo estremece atrozmente, convicta comoção

domingo, 2 de setembro de 2012

Largo Poesia


Largo poesia por onde ando
Planando sobre os locais onde habitam
Aqueles que descrevo em escrituras
Infindáveis. Inevitável colapso se mistura 
A poesia com outros interesses,
Esquece, esse caminho inviável
Cultiva-te com leitura e audição
Músicas em composição, cultura
Em quilos para o organismo.
A minha mente plissa quando
Lhe é impingida tamanha asneira.
Poeira que me tolda a visão neste mundo
Ato diletante que qualquer militante
Da periclitante democracia
Anuncia num qualquer texto errante.
O teu voto devoto traz a desconfiança
Que denoto na tua aliança
À confiança e solidez na tua decisão
Que demonstras de pronto.