domingo, 30 de dezembro de 2012

O Velho Misterioso!




O Velho Misterioso!
Numa escadaria escura e sombria, abria-se uma porta torta que fazia um ranger assustador como morrer numa forca. Eu subia essa escada, assustado e de sangue gelado nestes tubos de ensaio que são as minhas veias, degrau a degrau vou ficando cada vez mais próximo da entrada de um mundo desconhecido onde a surpresa mora atrás de cada esquina. A minha sina é ser perseguido por demónios alucinantes, lancinantes dores interiores que me perfuram a caixa torácica. A porta aberta vai deixando antever um brilho de um branco espesso e apático quase como uma prisão de solidão e marasmo que adormece o espirito e aprisiona-o numa cela de inércia. De dentro deste paraíso sádico entoa uma voz cavernosa, obscura e rouca como se o diabo fosse um ser provido de aparelho vocal. Essa voz disparava palavras de ordem contra a minha pessoa, como se de um atentado verbal anárquico de um qualquer protestante sem rosto mascarado por uma imensa aura branca se tratasse, e eu, aturdido numa dor sórdida, ia completando a curva ascendente, iluminado por candelabros acesos com fogo e azeite, as paredes revestidas de um já musgoso papel de parede com inscrições em hebraico e imagens de seres da fantasia da idade média. Pé ante pé, finalmente alcança o cimo da célebre escadaria, uma luz ofuscante tolda-me a visão, como uma espetacularidade assombrosa que parecia o prefácio para a poesia sobre-humana que se iria abater sobre o meu cabisbaixo momentos depois. Reabro os olhos, timidamente, ainda meio cego de tanta luz, caminhei perdido, sem direção num rumo desconcertado, os meus pé guiam-se numa autonomia quase bíblica, durante minutos pareço um comboio desgovernado à beira do descarrilamento abrupto, mas num repente avisto ao fundo, sentado num trono ornamentado por ouro e prata, numa luxúria quase insultuosa num deboche gritante, um homem velho, desgastado pela efeméride que faz questão de o atraiçoar a cada passo dado em falso. Na sua voz mórbida vocifera frases cheias de acidez e lascas para incendiar qualquer alma. Mantenho-me firme na minha aparente acalmia e pergunto-lhe o que pretende de mim para me enviar tão insólito convite. 30 Segundos passaram, numa contagem decrescente num ritmo vertiginoso, até que o velho se manifesta com sua deliberação sobre a minha questão, diz ele que escolheu-me para fazer parte de um movimento que vai revitalizar o mundo, num rasgar de horizontes sem paralelo, para queimar de vez os dogmas que bloqueiam a engrenagem que faz evoluir o planeta. Seria o seu porta-voz no que seria o novo acordar do gigante adormecido que é o homem enquanto peça-chave do xadrez que pode devolver à população a pureza que ela perdeu com o degredo da mente. Penso e repenso na proposta, ponderação profunda como introspeção. Quando por fim alicerço uma resposta convicta, dirijo-me ao velho e digo-lhe que aceito ser a voz da mudança, o porta-estandarte da nova geração que vai revolucionar o mundo tal como o conhecemos. Velho sorri, seus olhos brilham como esmeraldas, o seu verde vivo impulsiona lhe o viver. Então ele diz que tenho que espalhar a sua palavra em forma de escrita e que me abençoou com esse dom no momento em penetrei no seu templo. Olhamo-nos de frente durante 5 longos minutos, fundo como uma raposa visa a sua presa e após esses momentos de concentração e leitura mental, pergunto-lhe o seu nome, curioso para deslindar quem seria aquele homem com ar de deus grego que me convidava a ser seu seguidor e porta-voz. Ele, com a certeza e forma de que se formam os génios, diz: “ eu meu caro discípulo? Eu sou quem te guia, quem te diz o certo e o errado e quem quer que tu espalhes essa mensagem ao mundo, eu sou aquilo e quem te conhecer melhor, sou a tua consciência”…

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Prostituta





Isto é uma história entre um milionário e uma prostituta
Pobre mulher que vende o corpo numa rua devoluta
Noites demoníacas passadas ao frio gélido duma nortada
Assombrada pelo peso de sustentar uma criança a seu cargo
Que gerou no seu ventre durante 9 meses numa gravidez súbita
E sem ser planeado, o pai fugiu como um cometa no céu cinzento
Deixando a indefesa menina á merce das feras sanguinárias das vielas
O milionário passava na paragem todos os dias, no seu Porsche Pana mera
À espera de despertar a líbido numa das “meninas” que se passeavam
Num instante! Vê a mais bela, mais jovem, de seios firmes, pele pura
Lábios carnudos e pintados dum batom vermelho garrido, brilhante e
Intenso, cabelo loiro natural, preso por um totó, saltos altos pretos
Contrastando com o vestindo tenuemente transparente, que conferia
Uma sensualidade elegantíssima como uma manequim que desfila focado
Numa luz da ribalta. Baixa o vidro fumado do carro, tira o charuto Cubano da
Boca e com um discurso de galã, envenenado por uma lábia afiada como granito
E um jeito de moleque fresco como seda. Raquel, (nome da prostituta), chamou
À atenção do ricaço, fez-lhe o sinal habitual para Raquel se abeirar do carro, para um
Diálogo mais privado, acalorado por um dom quase antológico deste homem afogado
Em notas. Conversa tida, acordo feito, Raquel entra no Porsche, tímida,
Nervosa e assustada.
Acabaram num hotel 5 estrelas, direito a jacuzzi, champagne Don Perignon, 
Morangos, música ambiente, trechos de Mozart, beijos, carícias, para o milionário
Era prazer, pornografia ao vivo, deboche ou desbunda, para Raquel, era trabalho,
Sacrilégio e uma cruz pesada de carregar. Mas…
Os encontros tornaram-se frequentes, cada vez mais apaixonados, o amor envolveu-os
Numa bolha de loucura, paixão e intensidade, dois corpos em ebulição, combustão espontânea de tesão, excitação ou desejo carnal.
Sem pagamento, tempo contado ou outros limites na consumação do amor que os unia já
Numa quase cavernosa relação de luxo, sem acompanhantes ou homens de negócios engravatados. Decidido a mudar a vida de Raquel, o Milionário, comprou casa, para si, Raquel
E a sua filha, Matilde, onde iriam viver tranquilos, enterrando numa sepultura escura e fria
O passado descomunal, aterrador para qualquer elemento do sexo feminino, pondo em causa a sua integridade corporal, espiritual e moral.
Mas.
O seu chulo, que só agora aparece, num rasgo de ironia e uma sádica e no limiar da psicopatia,
Soube da desistência da sua “colaboradora”, enfurecido, tratou de saber através da sua lista interminável de contactos obscuros que Raquel vivia agora numa moradia, com um senhor de alta casta da sociedade,
Foi lá a casa, intimidá-la, para que volta-se para o seu infernal ofício, malefício para alma
De arma de 9 milímetros, 6 balas, instala o pânico na mansão, Matilde chorava assustada, Raquel vociferava palavras de calma para que ele saísse de sua casa,
Balas foram disparadas para as paredes, ornamentos, mas nenhuma feriu mãe e filha.
O milionário soube disto e mandatou matar o chulo, uma equipa de seguranças paga por si para casos especiais.
Passados dez anos!
Matilde era uma aluna de referência no ensino secundário, Raquel uma escritora de sucesso
Com 4 livros publicados, uma das quais uma autobiografia, mas o Milionário era vítima dum
Terrível celeuma, um sarcástico linfoma foi viral no corpo deste ainda jovem rapaz, fazendo dele uma sombra, um esqueleto, uma caveira mal decalcada da sua face jovial de outrora.
No dia 27 de Maio, no hospital São João de Deus em Vila Nova de Famalicão, o milionário sucumbiu ao linfoma que lhe varreu as defesas do organismo. Passado um mês, Raquel edita o
Seu 5º livro, chamado “As Ruas do Luxo”, no auditório da universidade onde o Milionário estudou durante 3 anos, cursando criminologia.
Dedicou o livro ao seu companheiro dos últimos 10 anos, que escreveu o prefácio do livro
E no discurso final do lançamento, Raquel embevecida pela emoção, disso estas mágicas palavras
“ Ele (..) foi a única pessoa que acreditou em mim enquanto me vendia na rua, entregue a um atroz futuro vão como a mais esbatida cor numa parede de cal. A sua doença enviou-o para longe de nós fisicamente, mas a sua alma perdurará na minha mente e do meu coração e do da Matilde, com todo o respeito e saudade que te tenho, adoro-te meu menino.”
Esta história ensina-nos a respeitar quem nos ajuda durante a nossa vida, nos bons e maus momentos. Cada pessoa deixa a sua marca, há que saber respeitar e amar essa marca como se fosse parte de nós!
O Mundo está ligado entre si como um elo!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Citrus






Numa era em que a evolução tinha conhecido um avanço exponencial, explosivo, uma erupção de tecnologia e informática, emergia uma figura ímpar, única e sem qualquer paralelismo. Alguém que reunia entre toda uma unanimidade quase universal, ultrapassando as barreiras da desconfiança e sobranceria de toda aquela sociedade materialista, capitalista e homicida.  O seu nome era Wolfgang, filho de país alemães, mas nascido em Citrus, uma cidade construída debaixo de terra, para evitar a intensíssima exposição dos raios ultravioletas que romperam como seda a camada do ozono e agora sobreaquece a terra duma forma monstra. Citrus foi concebida em escritórios, laboratórios e no cérebro do maior génio que pisou o chão de Lastros, (cidade que por debaixo de si ostentava Citrus). Foram anos de evolução de Lastros mas quando começaram os incêndios e a fustigação de florestas, queda de prédios, árida paisagem engoliu Lastros tal e qual um glutão. Esse génio era Urbano, um cientista Mega Céfalo, com um Q.I assustador, atingindo um pico e amplitude de pensamento completamente astrológico. Durante 30 anos reuniu à sua volta centenas de construtores, engenheiros, pintores, carpinteiros, eletricistas, mineiros, informáticos entre outros, munindo-os com tecnologia de ponta, duma qualidade assombrosa, com o intuito de fazer erguer uma cidade subterrânea, com total autonomia, atingindo um patamar quase surreal da coexistência entre homens e máquinas. Foram décadas de labor intenso, muito suor e noites perdidas a calcular centímetro a centímetro para que tudo seja feito dentro do maior rigor a que o ser humano pode ser sujeito. Wolfgang era o braço-direito de Urbano, dono duma mente avançadíssima para a idade, 27 anos apenas, voz ativa da revolução em marcha no subsolo rico em minério que era usado para criar geradores de energia para iluminar a cidade, criando um jogo de luzes que emprestava uma tonalidade por vezes suave outras vezes aguerrida à urbe e todo o seu esplendor. Com a cidade no ponto-rebuçado, a satisfação de Urbano e Wolfgang era notória, um esgar de sorrisos e felicidade rasgava a face destes dois iluminados. Mas como tudo, nada é um mar de rosas, um vírus instalou-se na cidade, fruto de combinações genéticas aberrantes por parte de um louco cientista renegado por toda a população de Citrus, antigo membro de um movimento ativista neonazi alojado nos confins de Citrus, na sua parte já degradada devido à destruição feito pelas vítimas desta bactéria assustadoramente eficaz e resistente. Este mago do terror dava-se pelo nome de Potros, nome com ascendência grega mas que intitulava um dos maiores cancros da história da humanidade moderna. O vírus penetrava de modo intravenoso na corrente sanguínea do homem ou mulher, operando-lhes mutações físicas e mentais, transformando o seu intelecto num antro de podridão, violência e carnificina. Mortos-vivos começaram a deambular pela cidade, ávidos de sangue como vampiros da idade média, esfomeados de mortandade, foram estropiando corpos em série, tornando Citrus num matadouro privado. A dupla maravilha Wolfgang-Urbano ao tomar conhecimento do sucedido decidiu criar um ciborgue dotado de uma força brutal e duma inteligência sobre-humana aliada a uma agilidade duma chita para combater tal praga de moribundos a navegar sórdidos pela “cidade-perfeita”. Usando um jovem de 16 anos como cobaia foram-lhe administrados componentes de aço no corpo através de implantes e injeções, tornando o seu corpo robusto, sólido como uma rocha, também lhe foi transmitido um treino dado por um especialista em destreza motora, para aumentar a fluidez dos gestos e a rapidez com que os executara. O ciborgue permanecia durante a noite escondido numa cama com um líquido amniótico para o alimentar e lhe conferir mais defesas tal como as mães fazem com os bebés na placenta durante a gravidez. Foram 7 meses de suplício em Citrus, tal a angústia que se vivia perante o holocausto de mortes e terror que na tela quase utópica que este centro de evolução tomava o lugar dum vermelho aterrador, tal era a quantidade de sangue jogado nas ruas. Passado este hiato de ação de Urbano e Wolfgang o seu antídoto ao vírus de Potros que se esgueirava pela cidade como uma serpente que se move quase num deboche sensualmente assassino nos esgotos da cidade entrando por via oral no organismo, quando os habitantes ingeriam água respiravam. Mas a máquina tava afinada, preparada como um frio matador concebido com um único objetivo: Acabar com Potros, acabar com o vírus e todos os infetados. O ciborgue chama-se C7 e foi lançado nas ruas de Citrus para aniquilar o zombies que mergulhavam a cidade num leito de uma babilónia mórbida, começando a executar sem dó nem piedade, limpando a cidade duma maneira velocíssima, com uma mestria só ao alcance dos predestinados.  Só restava um único e derradeiro objetivo: Eliminar o vírus pai de toda esta revolução genética. Calcorreou quilómetros em cima de quilómetros para chegar à cave laboratorial do doutor Potros, edificada num vale rodeado de cordilheiras ensombradas pelas suas aberrações. Foram 3 dias de busca incessante até que finalmente encontrou o refúgio do terrorífico inventor, entrando pelas traseiras, por dentro duma conduta de ar condicionado, subindo até á ventilação da sala principal, onde bombeava líquidos que alimentava um pequeno núcleo protegido por uma redoma de vidro que dava o ser ao vírus. Num gesto de frieza atirou com uma eficácia soviética para a redoma para quebrar a proliferação da infeção na cidade, mas ao tentar danificar o núcleo o alarme disparou e cinco seguranças apareceram munidos de metralhadoras de ultima geração, disparando a eito, tentando liquidar C7. A única coisa que C7 fez foi levar consigo a redoma com o núcleo, para ser analisado nos gabinetes de Wolfgang e Urbano, saindo ferido de um intensíssimo tiroteio com a segurança. Cambaleou noite e dia até à sede, sendo de seguida alvo de cuidados médicos e tecnológicos para voltar a coordenar e sincronizar as ligações simbióticas e analógicas do ciborgue. O núcleo tinha um tempo a contar até à sua explosão que emanaria um fluxo de veneno sobre a cidade apodrecendo-a e levando-a à destruição. O tempo fugia como areia dos dedos, como uma ampulheta que assustava o espírito com a sua retidão temporal e os dois cérebros não conseguiam deslindar qual a forma de desmantelar tal bomba. Depois de dois dias, faltavam 5 minutos para a bomba rebentar e na sala o suor pingava da testa dos dois crânios e os ritmos cardíacos aumentavam duma forma cavalgante, Potros juntara um exército de mortos-vivos para rodear a sede, montando uma vigília à porta para assistir de lugar cativo à queda do império Wolfgang. Mas! Num rasgo de loucura e insanidade quase hercúlea mas que parou a contagem decrescente, numa digitação de um código, recheada de sorte como uma lotaria, digitou as duas datas de nascimento, a sua e a de Urbano e ano em que se encontravam e quase miraculosamente funcionou, dilacerando o vírus e trazendo à vida os mortos-vivos e fazendo uma perseguição impiedosa, liderada por C7 ao cientista Potros, prendendo-o e fazendo confessar todos os crimes, sentenciando a sua pena de morte, fechando-o numa jaula com um tigre siberiano. As pessoas que estavam feridas pelo vírus, foram tratadas, integradas nos empregos, guiados de volta à sua vida normal fora da intempérie humana que assolou Citrus. Os anos passaram e Urbano já muito idoso, faleceu devido a um derrame no cérebro, ficando Wolfgang à frente dos destinos da cidade, com um olhar focado sobre qualquer outra maleita que poderia afetar a normal coexistência entre homens e máquinas. A evolução ajuda-nos a alcançar patamares incríveis mas também tem o seu reverso da medalha. Toda a atenção é pouca!
Em cada esquina está um perigo ao nosso sucesso, estejam atentos!

domingo, 16 de dezembro de 2012

"A Magia do Futebol"

Link do meu artigo no Jornal Record.

"A Magia do Futebol"

http://www.record.xl.pt/opiniao/leitores/interior.aspx?content_id=794288

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fado


E isto é um fado
Que canta as agruras da vida
Que ensina a todos de todo o lado
O coração de uma mulher vivida
Construí uma muralha para me guardar
Dos pesadelos que me consomem
Tenho todo o prazer em me fardar
E marchar contra estes que tudo me comem
E isto é um fado
Na voz de quem o viu nascer
Num propósito encantado
Tudo aquilo que me faz viver
Cabe neste meu ser amado
Livre como uma gaivota
Em cada português há um fadista
Que para a poesia nos vota
Com lábios de romancista.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Doido Varrido!

Adoro a tua forma de ser 
de estar e de mexer.
conhecer as tuas formas
decisões e normas
acordas!
Estremunhada, estranhas as entranhas
que te entranham nos lápis
que te desenham.
Curvilínea como linhas de um desenho
desdenho a tua sorvia 
olho os teus esbugalhados olhos 
num momento de dúvida.
Dividido, vivido, primitivo
imperativo, regenerativo 
generativo, apelativo
num relativo modo de
relatar quem tem lata
para exigir, sem ter que cingir
ao restrito.
Estrito, estreito o parapeito
paro o peito em frente à bala
abala antes que acabe o mundo
já vais tarde sócio, já estás imundo.
Falas devagar como se andasses ao para trás
cara de arrogante, como se criticasses o que ele trás
atrás de mim como uma patroa
já sei porque o marido meteu baixa
aturou-a!
Hipérbole de ti próprio, cópia mal tirada
viciado em ópio como uma desenterrada
enterrada em fármacos sem receita
como uma seita, só fazem destroços
como Patacos.
Dinheiro faz girar o eixo da terra
desterra a tua prima
que prima pela sensualidade
dualidade de rima sem qualidade
habilidade.
fidelidade, fiável via para elaborar atitudes
rudes como a ruindade das vielas
à luz de velas
como pessoas sãs
doces e meladas como creme de avelã
como lã fofa, 
amorfa sensação sem sanção
que sanciono nesta linha
gizada com ódio e raiva
como quem fuma um Paiva
derreto papel e tinta
com fúria distinta
eloquente e fantasista como uma finta.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Já Foste





A todos os que desejaram a minha ruína
Coitados dos tristes, releram a vossa sina
Cada vez mais forte, progresso automático
Olho para o céu vezes sem conta, escritor lunático
A vossa inveja engole-me como motivação
Rio-me na cara do vosso ar de reprovação
Vi amigos gozarem do meu trabalho
Mas como o burro e o joker, estão fora do baralho
O dom nasce com as pessoas, não inventem balelas
Senão acabam sozinhos a rimar à luz das velas
Tenho o respeito da rua e a bênção dos grandes
Tu tens a mágoa de não ter disso nada, andes por onde andes
Roubas a alegria aos tropas como se roubam fios de cobre
Eu crio fantasia e literatura para brilhar no horário nobre
Enobrecido pela inteligência de quem me eleva até ao topo
Já vens tarde com a difamação amigo, já caí no goto!