terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nasci para a escrita!


Nasci para a escrita
Descrita como proscrita
Neste país no lixo mergulhado
Orgulhado do afilhado
Que se humilha até ser humilhado
Molhado pela chuva ácida
Que deixa a rima flácida
Como a da Plácida que redige
Por interesse nesse estatuto
Vê-se o quão ele é culto
Puto ficou quando o poema
Fincou e vincou que não podia
Fazer tanta asneira quando
Já era adulto.                     
E eu rimo a ouvir Samuel Mira
E ele a palavra acesa atira
Com força sem que ela fira
Mas brilhante como uma safira
Nós os dois somos antigos
Como o Escudo ou a Lira
Ou cinema a preto e branco
Que víamos sentados no banco
Da sala lá no centro comercial
Marcial elenco que me apaixona
A minha e à dona
Uma questão de tempo
Até poder por a mão noutra zona
Maroto como o Sapo Cocas
Acabou o sumo e as pipocas
Agora só querem chouriço
Que lote de badalhocas.
Argumento que me alimento
Do momento em prometo
Que não meto o nariz onde
Não sou chamado
Tipo um puto do gueto
Que acaba de ser catado
Acatadas ordens é o que tenho feito
Sim sou bom mas não sou perfeito
Não posso andar de peito feito
Feito morcão
Porque na rua a lei é dura
E não há salvação, não!

                                                                

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