sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Mara!






Mara, não vás embora.
Eu sei que as coisas estão más
Que não aguentas mais e que por muito
Que lutes, parece que tudo tem tendência
Para vir para trás.
Mas Mara, a vida não para, não estanca
E desanca na tua alma sem calma
Abrindo uma ferida que após tanta pancada,
 Já não sara.
As tuas lágrimas de sangue já tingem
O teu vestido branco-pérola de um
Vermelho meio enegrecido.
Choras horas a fio ao saber que o teu
Pai foi despedido
Mais um enfraquecido por um sistema
Alimentado por um ódio repressivo
Agressivo e impulsivo.
Fazes as malas para tentar a sorte
No estrangeiro
Tiras o dinheiro do mealheiro
Mas quando tentas ser otimista
A raiva vem em primeiro.
Mara, a tua cara tornou-se uma caveira
Já não mostra traços da tua craveira
Andas perdida e atónica,
Sem eira nem beira.
Definhas longe da família
Dos amigos e do namorado
Num país enregelado, pintado de cores
Mortiças e pouco apelativas
Numa língua que não dominas
E pensas porque será o destino tão
Cruel ao ponto de ditar estas sinas.
Mara, no teu país o teu irmão
Perde-se nas ruas com drogas nas mãos
Como se fossem brinquedos
Sem medos, iludido pelo brilho
Dos olhos dos outros enredos
Conferido pela pasta fácil por meio
Duma substância ilícita,
Rodada no meio do povo
De forma explícita.
Mara, não vás embora
Ignora o fora que o teu país te deu
Quando adormeceu e favoreceu
Quem não pôs os pontos nos Is
Não tendo coragem para cortar o mal
Pela raiz.
Não vás, Mara!

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