quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Prostituta





Isto é uma história entre um milionário e uma prostituta
Pobre mulher que vende o corpo numa rua devoluta
Noites demoníacas passadas ao frio gélido duma nortada
Assombrada pelo peso de sustentar uma criança a seu cargo
Que gerou no seu ventre durante 9 meses numa gravidez súbita
E sem ser planeado, o pai fugiu como um cometa no céu cinzento
Deixando a indefesa menina á merce das feras sanguinárias das vielas
O milionário passava na paragem todos os dias, no seu Porsche Pana mera
À espera de despertar a líbido numa das “meninas” que se passeavam
Num instante! Vê a mais bela, mais jovem, de seios firmes, pele pura
Lábios carnudos e pintados dum batom vermelho garrido, brilhante e
Intenso, cabelo loiro natural, preso por um totó, saltos altos pretos
Contrastando com o vestindo tenuemente transparente, que conferia
Uma sensualidade elegantíssima como uma manequim que desfila focado
Numa luz da ribalta. Baixa o vidro fumado do carro, tira o charuto Cubano da
Boca e com um discurso de galã, envenenado por uma lábia afiada como granito
E um jeito de moleque fresco como seda. Raquel, (nome da prostituta), chamou
À atenção do ricaço, fez-lhe o sinal habitual para Raquel se abeirar do carro, para um
Diálogo mais privado, acalorado por um dom quase antológico deste homem afogado
Em notas. Conversa tida, acordo feito, Raquel entra no Porsche, tímida,
Nervosa e assustada.
Acabaram num hotel 5 estrelas, direito a jacuzzi, champagne Don Perignon, 
Morangos, música ambiente, trechos de Mozart, beijos, carícias, para o milionário
Era prazer, pornografia ao vivo, deboche ou desbunda, para Raquel, era trabalho,
Sacrilégio e uma cruz pesada de carregar. Mas…
Os encontros tornaram-se frequentes, cada vez mais apaixonados, o amor envolveu-os
Numa bolha de loucura, paixão e intensidade, dois corpos em ebulição, combustão espontânea de tesão, excitação ou desejo carnal.
Sem pagamento, tempo contado ou outros limites na consumação do amor que os unia já
Numa quase cavernosa relação de luxo, sem acompanhantes ou homens de negócios engravatados. Decidido a mudar a vida de Raquel, o Milionário, comprou casa, para si, Raquel
E a sua filha, Matilde, onde iriam viver tranquilos, enterrando numa sepultura escura e fria
O passado descomunal, aterrador para qualquer elemento do sexo feminino, pondo em causa a sua integridade corporal, espiritual e moral.
Mas.
O seu chulo, que só agora aparece, num rasgo de ironia e uma sádica e no limiar da psicopatia,
Soube da desistência da sua “colaboradora”, enfurecido, tratou de saber através da sua lista interminável de contactos obscuros que Raquel vivia agora numa moradia, com um senhor de alta casta da sociedade,
Foi lá a casa, intimidá-la, para que volta-se para o seu infernal ofício, malefício para alma
De arma de 9 milímetros, 6 balas, instala o pânico na mansão, Matilde chorava assustada, Raquel vociferava palavras de calma para que ele saísse de sua casa,
Balas foram disparadas para as paredes, ornamentos, mas nenhuma feriu mãe e filha.
O milionário soube disto e mandatou matar o chulo, uma equipa de seguranças paga por si para casos especiais.
Passados dez anos!
Matilde era uma aluna de referência no ensino secundário, Raquel uma escritora de sucesso
Com 4 livros publicados, uma das quais uma autobiografia, mas o Milionário era vítima dum
Terrível celeuma, um sarcástico linfoma foi viral no corpo deste ainda jovem rapaz, fazendo dele uma sombra, um esqueleto, uma caveira mal decalcada da sua face jovial de outrora.
No dia 27 de Maio, no hospital São João de Deus em Vila Nova de Famalicão, o milionário sucumbiu ao linfoma que lhe varreu as defesas do organismo. Passado um mês, Raquel edita o
Seu 5º livro, chamado “As Ruas do Luxo”, no auditório da universidade onde o Milionário estudou durante 3 anos, cursando criminologia.
Dedicou o livro ao seu companheiro dos últimos 10 anos, que escreveu o prefácio do livro
E no discurso final do lançamento, Raquel embevecida pela emoção, disso estas mágicas palavras
“ Ele (..) foi a única pessoa que acreditou em mim enquanto me vendia na rua, entregue a um atroz futuro vão como a mais esbatida cor numa parede de cal. A sua doença enviou-o para longe de nós fisicamente, mas a sua alma perdurará na minha mente e do meu coração e do da Matilde, com todo o respeito e saudade que te tenho, adoro-te meu menino.”
Esta história ensina-nos a respeitar quem nos ajuda durante a nossa vida, nos bons e maus momentos. Cada pessoa deixa a sua marca, há que saber respeitar e amar essa marca como se fosse parte de nós!
O Mundo está ligado entre si como um elo!

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