terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Citrus






Numa era em que a evolução tinha conhecido um avanço exponencial, explosivo, uma erupção de tecnologia e informática, emergia uma figura ímpar, única e sem qualquer paralelismo. Alguém que reunia entre toda uma unanimidade quase universal, ultrapassando as barreiras da desconfiança e sobranceria de toda aquela sociedade materialista, capitalista e homicida.  O seu nome era Wolfgang, filho de país alemães, mas nascido em Citrus, uma cidade construída debaixo de terra, para evitar a intensíssima exposição dos raios ultravioletas que romperam como seda a camada do ozono e agora sobreaquece a terra duma forma monstra. Citrus foi concebida em escritórios, laboratórios e no cérebro do maior génio que pisou o chão de Lastros, (cidade que por debaixo de si ostentava Citrus). Foram anos de evolução de Lastros mas quando começaram os incêndios e a fustigação de florestas, queda de prédios, árida paisagem engoliu Lastros tal e qual um glutão. Esse génio era Urbano, um cientista Mega Céfalo, com um Q.I assustador, atingindo um pico e amplitude de pensamento completamente astrológico. Durante 30 anos reuniu à sua volta centenas de construtores, engenheiros, pintores, carpinteiros, eletricistas, mineiros, informáticos entre outros, munindo-os com tecnologia de ponta, duma qualidade assombrosa, com o intuito de fazer erguer uma cidade subterrânea, com total autonomia, atingindo um patamar quase surreal da coexistência entre homens e máquinas. Foram décadas de labor intenso, muito suor e noites perdidas a calcular centímetro a centímetro para que tudo seja feito dentro do maior rigor a que o ser humano pode ser sujeito. Wolfgang era o braço-direito de Urbano, dono duma mente avançadíssima para a idade, 27 anos apenas, voz ativa da revolução em marcha no subsolo rico em minério que era usado para criar geradores de energia para iluminar a cidade, criando um jogo de luzes que emprestava uma tonalidade por vezes suave outras vezes aguerrida à urbe e todo o seu esplendor. Com a cidade no ponto-rebuçado, a satisfação de Urbano e Wolfgang era notória, um esgar de sorrisos e felicidade rasgava a face destes dois iluminados. Mas como tudo, nada é um mar de rosas, um vírus instalou-se na cidade, fruto de combinações genéticas aberrantes por parte de um louco cientista renegado por toda a população de Citrus, antigo membro de um movimento ativista neonazi alojado nos confins de Citrus, na sua parte já degradada devido à destruição feito pelas vítimas desta bactéria assustadoramente eficaz e resistente. Este mago do terror dava-se pelo nome de Potros, nome com ascendência grega mas que intitulava um dos maiores cancros da história da humanidade moderna. O vírus penetrava de modo intravenoso na corrente sanguínea do homem ou mulher, operando-lhes mutações físicas e mentais, transformando o seu intelecto num antro de podridão, violência e carnificina. Mortos-vivos começaram a deambular pela cidade, ávidos de sangue como vampiros da idade média, esfomeados de mortandade, foram estropiando corpos em série, tornando Citrus num matadouro privado. A dupla maravilha Wolfgang-Urbano ao tomar conhecimento do sucedido decidiu criar um ciborgue dotado de uma força brutal e duma inteligência sobre-humana aliada a uma agilidade duma chita para combater tal praga de moribundos a navegar sórdidos pela “cidade-perfeita”. Usando um jovem de 16 anos como cobaia foram-lhe administrados componentes de aço no corpo através de implantes e injeções, tornando o seu corpo robusto, sólido como uma rocha, também lhe foi transmitido um treino dado por um especialista em destreza motora, para aumentar a fluidez dos gestos e a rapidez com que os executara. O ciborgue permanecia durante a noite escondido numa cama com um líquido amniótico para o alimentar e lhe conferir mais defesas tal como as mães fazem com os bebés na placenta durante a gravidez. Foram 7 meses de suplício em Citrus, tal a angústia que se vivia perante o holocausto de mortes e terror que na tela quase utópica que este centro de evolução tomava o lugar dum vermelho aterrador, tal era a quantidade de sangue jogado nas ruas. Passado este hiato de ação de Urbano e Wolfgang o seu antídoto ao vírus de Potros que se esgueirava pela cidade como uma serpente que se move quase num deboche sensualmente assassino nos esgotos da cidade entrando por via oral no organismo, quando os habitantes ingeriam água respiravam. Mas a máquina tava afinada, preparada como um frio matador concebido com um único objetivo: Acabar com Potros, acabar com o vírus e todos os infetados. O ciborgue chama-se C7 e foi lançado nas ruas de Citrus para aniquilar o zombies que mergulhavam a cidade num leito de uma babilónia mórbida, começando a executar sem dó nem piedade, limpando a cidade duma maneira velocíssima, com uma mestria só ao alcance dos predestinados.  Só restava um único e derradeiro objetivo: Eliminar o vírus pai de toda esta revolução genética. Calcorreou quilómetros em cima de quilómetros para chegar à cave laboratorial do doutor Potros, edificada num vale rodeado de cordilheiras ensombradas pelas suas aberrações. Foram 3 dias de busca incessante até que finalmente encontrou o refúgio do terrorífico inventor, entrando pelas traseiras, por dentro duma conduta de ar condicionado, subindo até á ventilação da sala principal, onde bombeava líquidos que alimentava um pequeno núcleo protegido por uma redoma de vidro que dava o ser ao vírus. Num gesto de frieza atirou com uma eficácia soviética para a redoma para quebrar a proliferação da infeção na cidade, mas ao tentar danificar o núcleo o alarme disparou e cinco seguranças apareceram munidos de metralhadoras de ultima geração, disparando a eito, tentando liquidar C7. A única coisa que C7 fez foi levar consigo a redoma com o núcleo, para ser analisado nos gabinetes de Wolfgang e Urbano, saindo ferido de um intensíssimo tiroteio com a segurança. Cambaleou noite e dia até à sede, sendo de seguida alvo de cuidados médicos e tecnológicos para voltar a coordenar e sincronizar as ligações simbióticas e analógicas do ciborgue. O núcleo tinha um tempo a contar até à sua explosão que emanaria um fluxo de veneno sobre a cidade apodrecendo-a e levando-a à destruição. O tempo fugia como areia dos dedos, como uma ampulheta que assustava o espírito com a sua retidão temporal e os dois cérebros não conseguiam deslindar qual a forma de desmantelar tal bomba. Depois de dois dias, faltavam 5 minutos para a bomba rebentar e na sala o suor pingava da testa dos dois crânios e os ritmos cardíacos aumentavam duma forma cavalgante, Potros juntara um exército de mortos-vivos para rodear a sede, montando uma vigília à porta para assistir de lugar cativo à queda do império Wolfgang. Mas! Num rasgo de loucura e insanidade quase hercúlea mas que parou a contagem decrescente, numa digitação de um código, recheada de sorte como uma lotaria, digitou as duas datas de nascimento, a sua e a de Urbano e ano em que se encontravam e quase miraculosamente funcionou, dilacerando o vírus e trazendo à vida os mortos-vivos e fazendo uma perseguição impiedosa, liderada por C7 ao cientista Potros, prendendo-o e fazendo confessar todos os crimes, sentenciando a sua pena de morte, fechando-o numa jaula com um tigre siberiano. As pessoas que estavam feridas pelo vírus, foram tratadas, integradas nos empregos, guiados de volta à sua vida normal fora da intempérie humana que assolou Citrus. Os anos passaram e Urbano já muito idoso, faleceu devido a um derrame no cérebro, ficando Wolfgang à frente dos destinos da cidade, com um olhar focado sobre qualquer outra maleita que poderia afetar a normal coexistência entre homens e máquinas. A evolução ajuda-nos a alcançar patamares incríveis mas também tem o seu reverso da medalha. Toda a atenção é pouca!
Em cada esquina está um perigo ao nosso sucesso, estejam atentos!

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