Numa era em que a evolução tinha conhecido um avanço
exponencial, explosivo, uma erupção de tecnologia e informática, emergia uma
figura ímpar, única e sem qualquer paralelismo. Alguém que reunia entre toda
uma unanimidade quase universal, ultrapassando as barreiras da desconfiança e
sobranceria de toda aquela sociedade materialista, capitalista e homicida. O seu nome era Wolfgang, filho de país
alemães, mas nascido em Citrus, uma cidade construída debaixo de terra, para
evitar a intensíssima exposição dos raios ultravioletas que romperam como seda
a camada do ozono e agora sobreaquece a terra duma forma monstra. Citrus foi
concebida em escritórios, laboratórios e no cérebro do maior génio que pisou o
chão de Lastros, (cidade que por debaixo de si ostentava Citrus). Foram anos de
evolução de Lastros mas quando começaram os incêndios e a fustigação de
florestas, queda de prédios, árida paisagem engoliu Lastros tal e qual um
glutão. Esse génio era Urbano, um cientista Mega Céfalo, com um Q.I assustador,
atingindo um pico e amplitude de pensamento completamente astrológico. Durante
30 anos reuniu à sua volta centenas de construtores, engenheiros, pintores,
carpinteiros, eletricistas, mineiros, informáticos entre outros, munindo-os com
tecnologia de ponta, duma qualidade assombrosa, com o intuito de fazer erguer
uma cidade subterrânea, com total autonomia, atingindo um patamar quase surreal
da coexistência entre homens e máquinas. Foram décadas de labor intenso, muito
suor e noites perdidas a calcular centímetro a centímetro para que tudo seja
feito dentro do maior rigor a que o ser humano pode ser sujeito. Wolfgang era o
braço-direito de Urbano, dono duma mente avançadíssima para a idade, 27 anos
apenas, voz ativa da revolução em marcha no subsolo rico em minério que era
usado para criar geradores de energia para iluminar a cidade, criando um jogo
de luzes que emprestava uma tonalidade por vezes suave outras vezes aguerrida à
urbe e todo o seu esplendor. Com a cidade no ponto-rebuçado, a satisfação de
Urbano e Wolfgang era notória, um esgar de sorrisos e felicidade rasgava a face
destes dois iluminados. Mas como tudo, nada é um mar de rosas, um vírus
instalou-se na cidade, fruto de combinações genéticas aberrantes por parte de
um louco cientista renegado por toda a população de Citrus, antigo membro de um
movimento ativista neonazi alojado nos confins de Citrus, na sua parte já
degradada devido à destruição feito pelas vítimas desta bactéria assustadoramente
eficaz e resistente. Este mago do terror dava-se pelo nome de Potros, nome com
ascendência grega mas que intitulava um dos maiores cancros da história da
humanidade moderna. O vírus penetrava de modo intravenoso na corrente sanguínea
do homem ou mulher, operando-lhes mutações físicas e mentais, transformando o seu
intelecto num antro de podridão, violência e carnificina. Mortos-vivos
começaram a deambular pela cidade, ávidos de sangue como vampiros da idade
média, esfomeados de mortandade, foram estropiando corpos em série, tornando
Citrus num matadouro privado. A dupla maravilha Wolfgang-Urbano ao tomar
conhecimento do sucedido decidiu criar um ciborgue dotado de uma força brutal e
duma inteligência sobre-humana aliada a uma agilidade duma chita para combater
tal praga de moribundos a navegar sórdidos pela “cidade-perfeita”. Usando um
jovem de 16 anos como cobaia foram-lhe administrados componentes de aço no
corpo através de implantes e injeções, tornando o seu corpo robusto, sólido
como uma rocha, também lhe foi transmitido um treino dado por um especialista
em destreza motora, para aumentar a fluidez dos gestos e a rapidez com que os
executara. O ciborgue permanecia durante a noite escondido numa cama com um
líquido amniótico para o alimentar e lhe conferir mais defesas tal como as mães
fazem com os bebés na placenta durante a gravidez. Foram 7 meses de suplício em
Citrus, tal a angústia que se vivia perante o holocausto de mortes e terror que
na tela quase utópica que este centro de evolução tomava o lugar dum vermelho
aterrador, tal era a quantidade de sangue jogado nas ruas. Passado este hiato
de ação de Urbano e Wolfgang o seu antídoto ao vírus de Potros que se
esgueirava pela cidade como uma serpente que se move quase num deboche
sensualmente assassino nos esgotos da cidade entrando por via oral no
organismo, quando os habitantes ingeriam água respiravam. Mas a máquina tava
afinada, preparada como um frio matador concebido com um único objetivo: Acabar
com Potros, acabar com o vírus e todos os infetados. O ciborgue chama-se C7 e
foi lançado nas ruas de Citrus para aniquilar o zombies que mergulhavam a
cidade num leito de uma babilónia mórbida, começando a executar sem dó nem
piedade, limpando a cidade duma maneira velocíssima, com uma mestria só ao
alcance dos predestinados. Só restava um
único e derradeiro objetivo: Eliminar o vírus pai de toda esta revolução
genética. Calcorreou quilómetros em cima de quilómetros para chegar à cave
laboratorial do doutor Potros, edificada num vale rodeado de cordilheiras
ensombradas pelas suas aberrações. Foram 3 dias de busca incessante até que
finalmente encontrou o refúgio do terrorífico inventor, entrando pelas
traseiras, por dentro duma conduta de ar condicionado, subindo até á ventilação
da sala principal, onde bombeava líquidos que alimentava um pequeno núcleo
protegido por uma redoma de vidro que dava o ser ao vírus. Num gesto de frieza
atirou com uma eficácia soviética para a redoma para quebrar a proliferação da
infeção na cidade, mas ao tentar danificar o núcleo o alarme disparou e cinco
seguranças apareceram munidos de metralhadoras de ultima geração, disparando a
eito, tentando liquidar C7. A única coisa que C7 fez foi levar consigo a redoma
com o núcleo, para ser analisado nos gabinetes de Wolfgang e Urbano, saindo
ferido de um intensíssimo tiroteio com a segurança. Cambaleou noite e dia até à
sede, sendo de seguida alvo de cuidados médicos e tecnológicos para voltar a
coordenar e sincronizar as ligações simbióticas e analógicas do ciborgue. O
núcleo tinha um tempo a contar até à sua explosão que emanaria um fluxo de veneno
sobre a cidade apodrecendo-a e levando-a à destruição. O tempo fugia como areia
dos dedos, como uma ampulheta que assustava o espírito com a sua retidão
temporal e os dois cérebros não conseguiam deslindar qual a forma de
desmantelar tal bomba. Depois de dois dias, faltavam 5 minutos para a bomba
rebentar e na sala o suor pingava da testa dos dois crânios e os ritmos
cardíacos aumentavam duma forma cavalgante, Potros juntara um exército de
mortos-vivos para rodear a sede, montando uma vigília à porta para assistir de
lugar cativo à queda do império Wolfgang. Mas! Num rasgo de loucura e
insanidade quase hercúlea mas que parou a contagem decrescente, numa digitação
de um código, recheada de sorte como uma lotaria, digitou as duas datas de
nascimento, a sua e a de Urbano e ano em que se encontravam e quase
miraculosamente funcionou, dilacerando o vírus e trazendo à vida os
mortos-vivos e fazendo uma perseguição impiedosa, liderada por C7 ao cientista
Potros, prendendo-o e fazendo confessar todos os crimes, sentenciando a sua
pena de morte, fechando-o numa jaula com um tigre siberiano. As pessoas que
estavam feridas pelo vírus, foram tratadas, integradas nos empregos, guiados de
volta à sua vida normal fora da intempérie humana que assolou Citrus. Os anos
passaram e Urbano já muito idoso, faleceu devido a um derrame no cérebro,
ficando Wolfgang à frente dos destinos da cidade, com um olhar focado sobre
qualquer outra maleita que poderia afetar a normal coexistência entre homens e
máquinas. A evolução ajuda-nos a alcançar patamares incríveis mas também tem o
seu reverso da medalha. Toda a atenção é pouca!
Em cada esquina está um perigo ao nosso sucesso, estejam
atentos!
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