terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Navio


“…O Navio balança pelo buliçar das ondas num movimento que atrai o magnetismo, como um exorcismo extraio todos os demónios de dentro do meu âmago. O meu ser tenta encontrar o seu eixo existencial enquanto um marujo tenta içar a bandeira,  qual porta-estandarte de uma nau que almeja encontrar terra firme onde poisar, como um condor perdido que divaga nos céus em busca de um ninho quente e seguro onde descansar das suas jornadas inglórias por entre os ventos frios do passado. Este aroma a maresia, o salgar da água leva-me à divagar no meu sub-consciente, expandir o meu pensamento, evadir-me desta prisão física e soltar a minha mente selvagem como um lobo faminto por novos caminhos e estruturas,  sons e partituras, como um monge escribão em que anseia novas escrituras. Idealizo cenários paradísiacos com coqueiros e areia branca, perco-me solitário neste meu desejo caribenho,  advenho de um espírito assimétrico, que nunca cedeu a tendência de seguir regras pré-estabelecidas,  vivo ao sabor do vento, umas vezes sou suave e acaricio a fase de esbeltas donzelas que imaginam os seus amores à janela, outras vez sopro raivoso e insano, insconciente do poder destrutivo que transporto no meu frenesim kármico.  O Navio prossegue a sua marcha como um veleiro que escorre esguio pelo leito deste oceano imenso, mergulhado numa acalmia, quase apatia, mas que num clique, se pode transformar na mais perturbante tempestade.  Aqui tudo muda num segundo, num abrir e fechar de olhos a realidade distorce por completo.  Este Navio não é um Navio banal, é o Navio da Vida…”

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