“…O Navio balança pelo buliçar das ondas num movimento que
atrai o magnetismo, como um exorcismo extraio todos os demónios de dentro do
meu âmago. O meu ser tenta encontrar o seu eixo existencial enquanto um marujo
tenta içar a bandeira, qual porta-estandarte
de uma nau que almeja encontrar terra firme onde poisar, como um condor perdido
que divaga nos céus em busca de um ninho quente e seguro onde descansar das
suas jornadas inglórias por entre os ventos frios do passado. Este aroma a
maresia, o salgar da água leva-me à divagar no meu sub-consciente, expandir o
meu pensamento, evadir-me desta prisão física e soltar a minha mente selvagem
como um lobo faminto por novos caminhos e estruturas, sons e partituras, como um monge escribão em
que anseia novas escrituras. Idealizo cenários paradísiacos com coqueiros e
areia branca, perco-me solitário neste meu desejo caribenho, advenho de um espírito assimétrico, que nunca
cedeu a tendência de seguir regras pré-estabelecidas, vivo ao sabor do vento, umas vezes sou suave
e acaricio a fase de esbeltas donzelas que imaginam os seus amores à janela,
outras vez sopro raivoso e insano, insconciente do poder destrutivo que
transporto no meu frenesim kármico. O
Navio prossegue a sua marcha como um veleiro que escorre esguio pelo leito
deste oceano imenso, mergulhado numa acalmia, quase apatia, mas que num clique,
se pode transformar na mais perturbante tempestade. Aqui tudo muda num segundo, num abrir e
fechar de olhos a realidade distorce por completo. Este Navio não é um Navio banal, é o Navio da
Vida…”
Adorei *o* NAVIO DA VIDA
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