quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Onde andas, Inspiração?


Escorria eu litros de suor frio enquanto redigia versos e prosas
Enquanto tu deambulavas em ruas perigosas
Esbelta, charmosa, perfumada de água de rosas
De lábios pintados e carnudos, cabelo solto e olhos vidrados
De um verde fascinantemente teu
Eu, perguntava-me vezes sem conta
“ Porque é que o destino juntou
Duas almas tão diferentes? “
Mas a escrita respondia-me com a suavidade
Que só uma arte tão romântica comporta
“ Os opostos atraem-se, como
Nitro e glicerina, a arte simples, pura e dura
Ou a luxúria espiritual, física e quase
Arquitetónica que essa
Tua paixão define em cada passo ou
Cada frase”
Nesta base estruturei
Um projeto de paciência
E sapiência
Soltei a minha fera silenciosa neste papel branco
Mas ela continua a não vir…
Tento escrever de várias formas
Tenho o tema mas aquela acendalha que faz
Acender a luz da criatividade
Hoje resume-se a uma ténue
Chama indefesa e solitária
Num laivo de loucura, grito : 
“Porque não vens inspiração?
Porque não tens ter comigo?
Para que eu possa
Fazer-te destilar magia
Sinceridade e ironia
Cuspir de um só jorro metáforas
E recursos estilísticos
Das mais variadas índoles
Noites e noites de amor
Paixão e sexo verbal como só
Eu e tu sabemos e fazemos
Porque teimas em te esconder nessas vielas
Onde o ócio
E a descrença corrompem
Cada migalha de esperança
E vontade de criar? ”
Abro-lhe a porta do meu coração
Como um abrigo
Um amigo
Recente e antigo
Que a pode
Voltar a colocar em patamares
De excelência
Afastada de vez desses antros
De veneno e violência
Num clique!
Ela chega!
Galanteadora
Aquele ar de superioridade nata
Como que se já tivesse nascido num
Berço de ouro adocicado
Pelo bom da vida
Invades o meu espírito
Intravenosamente 
Como uma qualquer droga ilícita
….
Já relaxado, calmo e imbuído na poesia
Pergunto num sussurro
“Porque demoraste tanto?”
“Por onde andaste Inspiração?”
Ela responde de olhos molhados
Voz trémula
E as palavras a enrolarem na emoção
Que as embalava
“Fugi para recolher novas
Substâncias, experiências, situações,
Emoções e hábitos e fragrâncias,
Tornei-me numa fugitiva
Para que um dia, no dia
Do meu regresso, pode-se
Te tornar um escritor tão mais
Completo
Do que aquilo que eras outrora.
Sacrifiquei-me por ti meu amo.”
Depois disto, abraçamo-nos
Fortemente, como dois namorados
E vagueamos na líbido mental
Que se libertava fluente como
Um riacho numa serra intacta
Pela ceifa homicida do homem
E escrevemos infinitamente
Até o corpo ceder à frieza
Do cansaço e da excessiva
Estimulação mental,
Nesse dia, fiz amor com palavras!












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