segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Expresso




“….Expresso ensombrando pelas aves agoirentas que por cima de si pairam, numa vigilância quase diária. Bando negro de patrulha dos céus que cobrem este nosso mundo. Viajo neste expresso que mais parece a arca de Noé em versão malévolo  vejo pessoas sem braços, sem cabeça, olhos pintados de um cinzento demoniacamente subtil, nas veias destes seres não flui sangue, flui maldade em estado líquido, escorre vertiginosamente como se compassa-se a velocidade da carruagem em direcção à gare do inferno. Vejo bruxas criando aberrações com experiências mal concebidas, feitiços mal feitos, magia negra que pinta de um negrume intenso os vidros que não deixam transparecer para dentro, a imagem de destruição desumana que irrompe pelos olhos de quem foge destes diletantes que incendeiam, destroem, esmagam, liquidam e aniquilam quem lhes ousa fazer frente. A babilónia tomou conta dos destinos da nossa existência. Queimaram a flora, mataram a fauna, aprisionaram as massas em celas de bloqueio mental, dentro de 4 paredes, com um baixo pé direito, quase como uma cave. Tornaram os seres humanos em ogres oprimidos sedentos de vingança, morte e pandemónio. Roleta russa de invenções, torturas e mutilações, tipo um filme do Tarantino. Um bafo a cadáver emana das profundezas do expresso, tenso ambiente, olhos de vidro incrustados na face de quem a tem, outros especulam gestos como se quisessem dizer algo que lhes está entravado na traqueia à anos a fio… é o expresso…”

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