segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O caos citadino!




Acordei eram perto as 15 horas..
chovia, num chover tão intenso como balas
o céu balançava como um pêndulo entre o vermelho e o cinza
o frio trespassava os pulmões como punhais pontiagudos
eu? Eu, andava pela casa, atordoado pelas 10 horas de sono
perdido entre os demónios diletantes da minha mente
passado 1 hora, acalmo, já encontro maior paz no meu âmago
a brasa que flamejava nos meus olhos tomou a forma de um mar apático
vou ao chuveiro, água quente a beijar os ombros como lábios duma princesa
a minha alma aconchega-se no calor como um gato em cobertores
as dores no espírito suavizaram como se me fosse ministrada morfina
visto-me, uma roupa pouco vistosa, estilo urbano quanto baste
pego nos euros, já de si raros, que ainda sobram da noitada de ontem
telemóvel já vibra como um clamar furioso pela minha pessoa
ganho coragem para sair de casa, enfrentar a selva de betão
toda a agitação, barulheira, stress citadino e cinismo me paralisam
coisas que vão muito para além da minha imaginação
défice hediondo de solidariedade corrompe tantas pessoas
chego ao café, peço a tradicional Coca-Cola só com limão
trago o jornal diário comigo para me deleitar com centenas de desgraças
roubos, assaltos, homicídios, suicídios, violações
aumento de impostos para quem já pouco aufere
tento-me situar, as chamas voltaram a inundar-me a retina
sinto-me uma presa fácil neste mundo comandado por leões famintos
acabo a Coca-Cola, visto o casaco de malha
recolho a casa, cabisbaixo, alienado da realidade assustadora
assombroso o luar que já me cobre como um anjo da guarda
chego a casa, ligo o portátil já envelhecido
ponho um som, calmo, relaxante, como terapia
solto palavras para tentar descrever a insanidade que cerca o mundo
escrevo, escrevo, escrevo horas a fio como um viciado
clandestino, fechado no quarto como se em segredo viaja-se
mas cada frase é pouco para relatar aquilo que me mata a cada dia
são 04:30, hora de largar a escrita e ir para a cama
nave espacial de valor imensurável que comprei já faz uns anos
viajo nesse meu mundo tão meu, tão próprio , peculiar no fundo
durmo, durmo e durmo
o sono alimenta-me como se fosse uma refeição abençoada
acordo noutro dia, trôpego, intoxicado pelo veneno da rua
olho pela janela, tudo igual..
deito-me a dormir mais um par de horas
de volta ao sonho que me abria o sorriso horas antes
só sou feliz no paraíso da mente
naquele que criei como carinho
com se fosse precioso
como se fosse um filho!

Sem comentários:

Enviar um comentário